O professor Rodrigo Navarro, associado da Tropical Water Research Alliance (TWRA) e docente da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília (UnB), apresentou o projeto “Se Eu Fosse um Peixinho” em entrevista ao programa UNBTV Ciência, destacando o potencial da aquaponia como tecnologia biosustentável para produção de alimentos, educação ambiental e engajamento da sociedade.
No diálogo, ele explica como o sistema integra peixes, plantas e bactérias em um circuito fechado de água, reduzindo desperdícios e imitando processos naturais encontrados em ambientes aquáticos, como cachoeiras e cursos d’água.
“O sistema de aquaponia que nós utilizamos aqui no Centro de Agricultura Sustentável é um sistema em que nós imitamos a natureza, como acontece lá na cachoeira, onde tem o peixe, tem a planta, tem as bactérias. Então, nesse sistema de aquaponia nós imitamos o que acontece normalmente no ambiente natural.”
Na entrevista, Navarro destaca que a aquaponia apresenta vantagens ambientais e produtivas importantes:
- Economia significativa de água, graças ao sistema de recirculação entre tanques de peixes e canteiros com plantas;
- Ausência de agrotóxicos e fertilizantes químicos, uma vez que os nutrientes para as plantas são fornecidos pelos resíduos metabólicos dos peixes, convertidos por bactérias benéficas;
- Aproveitamento de pequenos espaços, o que torna o sistema adequado tanto para agricultura familiar quanto para aplicação em quintais urbanos, varandas e pequenos empreendimentos.
Ele também menciona resultados de pesquisas comparando o cultivo de manjerona e manjericão em sistemas de aquaponia e hidroponia. Nas condições avaliadas, o sistema de aquaponia permitiu tempo de colheita menor, ampliando a eficiência produtiva e reforçando seu potencial como alternativa sustentável.
Apesar das vantagens, Navarro ressalta que a aquaponia exige monitoramento constante da qualidade da água, de forma a garantir bem-estar aos peixes e bom desenvolvimento das plantas. Parâmetros como temperatura, amônia, nitrito, oxigênio dissolvido, alcalinidade e pH são acompanhados com frequência, buscando um equilíbrio que atenda simultaneamente às necessidades dos organismos aquáticos e vegetais.
Segundo ele, a temperatura é um dos fatores mais determinantes para o metabolismo dos peixes e, por isso, precisa ser acompanhada com rigor, ao lado de outros indicadores de qualidade da água.
Um dos eixos centrais do projeto “Se Eu Fosse um Peixinho” é a educação ambiental. Escolas visitam o centro para conhecer sistemas de aquaponia, compreender o papel dos peixes e das plantas aquáticas e refletir sobre o uso responsável da água e dos recursos naturais.
Navarro relata que essas visitas despertam curiosidade e encantamento entre crianças e jovens, além de estimular professores e estudantes a buscar mais conhecimento sobre produção sustentável de alimentos. Segundo o professor os alunos percebem que a sustentabilidade já deixou de ser apenas uma bandeira para se tornar uma necessidade. Os estudantes observa que existe a necessidade de se produzir alimentos de forma sustentável, sem agredir o meio ambiente.
Para o professor Navarro, a experiência com o público reforça o potencial transformador da aquaponia na formação de futuras gerações mais conscientes, ampliando a visão sobre conservação ambiental, segurança alimentar e inovação em sistemas de produção.
A participação do professor e associado TWRA Rodrigo Navarro no programa UNBTV Ciência está disponível na íntegra no YouTube, com demonstração prática do sistema e depoimentos sobre pesquisa, ensino e extensão em aquaponia.
